Conflitos

                                             Capítulo 4 .1

Confusões pode ser a melhor palavra pra definir essa bola de nós que se formou dentro de mim e de minha mente. Um tornado de sentimentos invadiu a porta do meu coração, me fazendo ter sensações jamais explicadas ou definidas, não pelo menos por mim. Reviver sementes mortas, esquecer e matar a força as já crescidas, tentar salvar a árvore que pende na ponta do precipício... maluquice? imaginação? sentimentos... sentir...sentir dentro do coração, sentir o coração, como se pulsasse entre minhas mãos, como se tentasse me dizer algo que não chega aos meus ouvidos, numa voz doce e aveludada, seguindo pra outra direção. Cada manhã, um pensamento me acorda, me levanta, me leva o primeiro ar deste plano aos pulmões...a cada entardecer um pensamento me acolhe, me esconde da noite, me cobre e me aninha em suas vertigens passageiras, levantando o véu entre os mundos, e assim me mergulhando entre as nuvens do incerto, do desespero, do infinito... me perco, me acho... duvidas, sempre sorrateiras e perigosas entre a relva alta que cerca o caminho de pedras d'ouro, onde arrasto este corpo movido a conflitos e discórdias, deixando seu rastro de desgraça por onde passa...

Juliet MacM. Terça-Feira 23/03/2010 - As 20:55

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Capítulo 4 .2

Segunda- feira chuvosa, chuva que lava as mágoas, para as novas duvidas sorrateiras nascerem...sim, a melancolia me pegou novamente... Não sei porque me prendo a essa situação de angustia, de dor... talvez por traz de tudo esteja os ensinamentos, o aprendizado... talvez esteja pagando por atos de outras vidas, ou desta mesma, já que não sou santa... mas tbm não me considero uma pessoa com indoles más para pagar desta forma... "Olha como a chuva cai e molha a folha que na telha, faz um som assim, um barulhinho bom, faz um som assim, um barulhinho bom..." como diz minha Musa Marisa Monte, somente uma chuva dessa quantidade, pra lavar essa tristeza do meu ser... as coisas rastejam com o badalar dos minutos, força de vontade fora com o vento... e as demais alegrias se escondem por trás das montanhas densas de meu peito... Duvidas, duvidas, duvidas, novamente em minha mente... trazendo o pior dos efeitos colaterais, que escorrem no meio da madrugada, sem provocar barulho, sem despertar ninguém, uma a uma caem sobre o lençol ralo de linho... que embrulha sem aquecer... deixando a noite ainda mais solitária.

Juliet Mac.M 29/03/2010 Segunda- feira - 22:43hrs

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Capítulo 4 .3


O Sol surgiu opaco nesta manha, levantei sem vontade, comi sem fome, olhei-me num reflexo sem realmente me ver, caminhei com os pés dormentes, olhei para o céu azul, com nuvens aveludadas de algodão, com esperanças de ali encontrar teus olhos... Soltei suspiros involuntários, deixando cravada a dor insuportável que carregava no peito. Ensaiei inúmeras vezes, sorrisos falsos, para aparentar felicidade, escondendo a podridão que amanheceu comigo. Tive sonhos perturbadores, imagens que fixaram suas garras em meus pensamentos, atormentando-me a cada piscar de olhos, como num flash doloroso. Preciso me manter afastada dessas lembranças, momentos que me causam tanta mistura de sentimentos, brincam com meu coração, preciso realmente e literalmente afastar-me...
O Sol continua opaco, apesar do calor insuportável, trazendo um ar seco e ardido, que trinca meus pulmões, me mergulhando em copos e mais copos das águas aparentemente cristalinas, afogando em cada gole, um minuto que demora a passar desta tarde amarga. Sorria, mantenha-se distraída, limite sua mente, não olhe as horas, nem os dias, esqueça, esqueça de verdade... De tanto forçar minha mente, deixei-me cai nas teias pegajosas das lembranças novamente, mas desta vez fui alem, desliguei-me do real, e ingressei nesse mundo interno, jamais visto desse jeito. Escuro, deserto, quase não dou conta da existência de uma grande floresta, densa, selvagem, cheia de arvores gigantes e assustadoras. Caminhei lentamente até ela, com cuidado desviei dos gumes de relva e dos animais peçonhentos que passavam por entre os fungos aglomerados nas rochas acinzentadas. Que céu! Nunca vira tantas estrelas com tanta clareza, apesar da escuridão, o manto negro cintilava milhares de pequenos cristais reluzentes, tão delicados, tão infantis, enchendo-me com uma satisfação generosa e gratificante, respirar e olhar toda aquela magnitude bastava-me. Perdi algum tempo apreciando a paisagem, moraria dentro daquele lugar para sempre, a felicidade imergia de minha pele, sentia-me segura, e confiante, então continuei a caminhar. Em meio a tantas belezas naturais, avistei a imagem de uma garota, vestida com um manto branco, parecia ser de outra época, e não parecia dormir, estava desmaiada. Corri até sua estadia estática por entre as folhas secas e mortas das arvores que nos embrulhavam, estava pálida e desacordada, nada pude fazer, por algum motivo, mesmo a seu lado, era incapaz de ajudá-la, algo a prendia no chão, parecia feita de pedra com feições de porcelana, feições conhecidas, extremamente familiares, então cheguei mais perto... E..., Num estalo retomei a consciência para realidade, pairando no tempo, demorei-me para acertar os pensamentos...
O Sol já não estava mais presente ao horizonte, já adormecia, a lua tomou teu lugar, iluminando as ruas com seu misterioso brilho, e eu, tomei meu caminho, retornando a rotina mortífera, que envenenava cada segundo de vida. Caminho tão rotineiro, que meus pés os faziam sozinhos, as pessoas apressadas passavam por mim como relâmpagos de verão, iluminando o caminho, mas totalmente desfocadas, estava lenta demais para conseguir focar os sorrisos, as satisfações, as alegrias..., luzes dos faróis dando vida à noite quente de outono, não me importavam, nada me importava, minha mente se ocupou, mas desta vez em tentar voltar no mundo que encontrei , diferente de outros que conheci, onde iria refugiar-me das dores reais... Sei que isso lhes parece covardia de minha parte, então que covarde seja, não irei agüentar um dia a mais se quer vivendo de dores e amarguras, ali encontrei um porto, a sós, ou melhor, com a garota de porcelana, queria me recordar, suas feições eram-me tão conhecidas, sabia que de alguma forma, conhecia aquela garota, enfim, precisava voltar, antes do cair completo da noite, não saberei como, nem quando, mais retornarei para o paraíso longe das recordações, aquelas recordações que me encaminham aos laços das lembranças do teu olhar, do teu cheiro, hoje inalcançáveis aos meus braços, recordações de momentos eternizados dentro de minha alma, pregados em meu coração com espinhos das rosas mais lindas que já vi, para jamais esquecê-lo. Custe o que custar, irei livrar-me das sorrateiras reminiscências, irei deixá-lo em paz, para assim seguir a caminho do meu inofensivo paraíso interior.
 Juliet Mac.M 04/05/2010 Terça-feira - 16:43hrs
 
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Capítulo 4 .4

Caminhando na direção de todos os dias, os mesmos passos, os mesmos gestos, arrasto-me em direção ao meu ninho de segurança, onde encontro as minhas armaduras forradas de algodão e cetim. Aquela rua... Não consigo desviar o olhar, aquela lua, que sempre me trás as melhores lembranças, doloridas mais saborosas, de tardes recheadas de alegria e conversas, como sinto falta, como fui tola... Levanto o olhar em busca dos cristais cintilantes, mas hoje, eles não apareceram pra mim, nem mesmo minha grande e solitária lua veio me dar boa noite, percebe que tudo está baseado em uma questão de tempo, em pouco tempo, tudo que eu mais amo, tende a sumir, deixando-me cada segundo mais solitária.
Olhares surpresos me acompanham conforme passo calada, sem a mínima vontade de retribuir os olhares, nem de dar explicações, fecho-me, enfim, dentro de meu pequeno ninho. Como me sinto melhor, ou talvez pior, mas me sinto livre, posso debulhar-me em lagrimas, sem chamar a atenção, nem esconde-las, posso deitar ao chão, e imaginar uma vida boa, uma vida feliz, posso beber até perder o sentido e cair no inconsciente, feliz, livre das dores reais, ler meus livros, ouvir, tocar e cantar minhas musicas, passar horas de olhos fechados tramando caminhos imaginários de vidas paralelas, enfim, faço do meu ninho, meu mundo, meu infinito particular. Jogando minhas coisas de um lado, e deitando ao chão no outro, fechei meus olhos, e pensei involuntariamente em você, relutei um pouco, mas deixei-me levar, sofreria com as recentes lembranças, mas traria um pouco de você para minha noite triste e solitária. Teu sorriso, o jeito de me olhar, o carinho que dava pra sentir no ar, seu toque, sua voz, conversas jogadas fora em baixo do céu mais estrelado de todos os tempos, abraços demorados, beijos prolongados, minha mente viajava, sentia explosões dentro do coração, aprendi tanto com você e você aprendeu muito comigo, acordar com um beijo doce, o que eu mais podia querer?! Queria poder te mostrar o meu melhor, queria lhe dar o mundo, mostrar como as coisas podem ser diferentes, mas agora é tarde, perdi todas as oportunidades que tive, e não foram poucas... Senti como se uma lança atravessasse meu coração, fazendo o ter pulsações e batidas involuntárias, cai em lágrimas, em seguida num sono profundo.  Num susto, despertei, ainda estava na mesma posição que eu lembrara antes de adormecer, o frio congelava o ar, já passava das 3 da manha, e minha janela deixava um vento cortante entrar, levantei para tentar acertar meus pensamentos, um novo flah retornou em meus pensamentos, estranhamente, lembrei do curto sonho que tive, ...estava deitada num gigantesco gramado cercada de flores do campo, estava olhando o céu azul com nuvens fofinhas e rosadas pelas luzes do sol, passarinhos brincavam a minha volta, com um cantar feliz, enchendo-me de alegria em apreciar tal cena, um beijo me tirou a atenção, você estava vestido casualmente, deitou-se ao meu lado, com seu cheiro cativador que me envolvia para mais perto, deitei-me apoiando minha cabeça em teu peito, ouvindo as batidas de coração acelerado, e sentido um amor que mal cabia dentro de mim... -“Ele é todo seu” - sua voz aveludada fazia carícias ao sair suavemente de sua boca, levando-me as alturas, aquelas palavras soaram mais alto do que realmente deveriam, confundindo-me nas lembranças e na realidade... Pareceu-me tão real, como se ele viesse aos meus ouvidos, e falasse em um tom baixo “Ele é todo seu.”... - Estou ficando doida, realmente estou endoidando -... Levantei para tomar um copo d’água, e voltei a minha cama,  –“ Deus, o que fiz foi tão errado, me perdoe, com toda força que ainda me resta, lhe peço me perdoe, e poupe-me de tanto sofrimento, tanta amargura, não consigo mais viver desta forma...”-, e  assim adormeci sem sonhos, nem aparições. Logo pela manha, nem olhar o sol tive vontade, caminho de sempre, vozes e ruídos de sempre, tudo igualmente colocado no mesmo lugar, na mesma hora, os mesmos assuntos, o mesmo ritmo, minha desmotivação contaminava o ar, afastando todos que tentavam se aproximar, me safando de dar explicações quaisquer, poupando-me paciência e vontade. Estava com novas metas em mente, seguir um caminho diferente, podia me arrepender amargamente dessa decisão posteriormente, mas era a minha única opção para sair dessa maré de desgosto e melancolia (pensava eu...). Quase ao meio dia, fui chamada para uma conversa em particular com meu chefe,... -Pronto! Agora terei tempo livre de viajar para longe, e começar tudo em outro lugar, livre das lembranças com seus tentáculos pegajosos, que serviam como âncora para a tristeza –. Sentei-me de frente, tentando manter a compostura e uma cara boa, aparentando vitalidade, acho que consegui. As coisas que ouvi, não eram as que eu esperava tragicamente, eram votos de mais confiança, mais responsabilidades, um fardo maior, mas com palavras fortes, me dando esperanças, e felicidade, SIM, felicidade, não esperava palavras tão confortantes, num dia tão triste... O céu tomou cor, o ar cheiro... Cheguei a sorrir, sem forçar, e assim, dei continuidade ao resto da tarde, mantendo minha cabeça na minha competência profissional, tão escondida, cheguei a pensar que nem existia... e ouvi sobre ela, da boca da pessoa mais importante, ouvi coisas boas, e assim, concluo hoje, que a felicidade em maiores partes da vida (ou pelo menos para mim no momento) encontro dentro de mim mesma, Tenho certeza que as minhas forças na oração quase muda, chegaram aos ouvidos do Criador, por incrível que pareça, ainda tenho importância, pelo menos para eles, eu sou especial.
Juliet Mac.M 05/05/2010 Quarta- feira - 16:02hrs
***         Capítulo 4 .5
 
Emendei as horas de sono, cheguei a meu ninho por volta das 19 horas, jantei, tomei meu banho, adiantei um pouco minha leitura diária, e deitei, caindo num sono profundo. Despertei hoje, no horário de sempre, fazendo as coisas de sempre, e seguindo meu caminho rotineiro.
Hoje tive algum tempo para pensar nesse reboliço de acontecimentos em tão pouco tempo, reboliço de sentimentos, sentimentos que vezes controlo, vezes deixo-me ser controlada. Mas conforme as horas, os dias, as semanas vão passando, vou aprendendo a lidar com cada atitude, deixando as reações impulsivas longe dos meus atos...E assim, prejudicando cada vez menos as pessoas que vivem ao meu redor. Bom, hoje, por incrível que pareça, não estou com vontade nem de escrever, vai passando o tempo e junto com ele se vão minhas vontades, até as que eu mais amo... só me resta agora terminar o final desse dia monótono e rotineiro.  
Juliet Mac.M 06/05/2010 Quinta- feira - 16:30hrs
***      Capítulo 4 .6
 
Finalmente às 17 horas chegou, estava feliz com o termino daquela quinta-feira confusa,achei que simplesmente enrolaria até as 18, e estaria livre para voltar a meu ninho solitário... Mas como sempre, sou surpreendida por um fato que não esperava... como ele ressurgiu? Fazia anos desde ultima vez que conversamos, de que ele tenha-me procurado, ou se quer retornado alguma ligação ou recado meu. Isso mudava a direção das coisas... Eu sei que deveria simplesmente ignorar-lo, por tudo que ele me fez passar, mais de uma vez, sei também que ele não é um pilar confiável, sempre some quando eu mais preciso... Mas mesmo assim, isso mudou a direção das coisas. Meio atordoada com essa descarga de informação, não tirava o pensamento no garoto dos olhos de mel, como o cheiro dele ainda era tão presente em minha mente, quando o imaginei, cheguei a sentir o cheiro pairando ao meu redor, como sinto falta daquele abraço, daquele beijo, que combinava, encaixando-se perfeitamente com o meu, seu tocar, sua voz, seu olhar, tudo... Como se Deus tivesse feito ele, sobre encomenda só pra mim, não conseguia suportar a idéia de que ele estava nos braços de outra, - O que ela tem que eu não consigo ter? ... Muitas coisas... - imagino eu... Enfim, precisava ter sua presença, antes do imprevisto tomar forma literal. Cheguei em casa mais afoita do que o normal, metralharam-me com mil perguntas e defendi com mil desculpas, mesmo sem paciência, resolvi abrir minha boca pela primeira vez em dias calada. Tentei organizar todas as coisas, todos os pensamentos, e busquei a carta, não achava em nenhum lugar, revirei as caixas, revirei os armários, não fazia tanto tempo assim que tinha a guardado. Uma carta razoavelmente grande, em um quarto tão pequeno, não sumiria dessa forma, enfim, entregarei em outra ocasião... Ocupei-me com meus afazeres rotineiros, musica, violão, estudos, leitura e meu comum desmaio inevitável, desta vez tive a sorte de adormecer em meu sofá, ao invés do chão duro e frio. Despertei assustada, com o coração aos pulos pelo toque alto de meu celular, ainda atordoada de sono, cambaleei até a mesa para visualizar quem era, e quase tive outro desmaio... Era ELE. Não olhei as horas, nem me vesti adequadamente para o frio da madrugada, sai com a roupa do corpo, pantufas e blusão masculino, não me arrumei como deveria, só pensava em ver seus olhos de perto, sentir novamente seu cheiro, se fosse possível, tocá-lo só por um minuto, mas sei que seria atrevimento demais de minha parte. Hesitei alguns segundos, antes de correr ao seu encontro, queria me certificar que, o que estava acontecendo era realmente real, e não fazia parte das minhas ilusões confusas, sim, era real... Escapei muito pouco dos olhos fulminantes de meus pais... Mesmo que me pegassem e me trancassem pra dentro de casa, daria um jeito, com toda certeza, eu daria um jeito... 
Quase surtei quando a porta do carro verde se abriu para mim, entrei rapidamente, não só pelo frio que fazia, mas pela ansiedade de olhá-lo novamente... Não consigo descrever as sensações que tive durante aquelas 2 horas de conversa, não conseguia manter minha linha de raciocínio com aqueles dois olhos lindos me encarando, as palavras evaporavam de minha mente, me deixando muitas vezes, sem palavras pra me explicar... Tão perfeito, e tão doloroso, chegar a milésimos de distância, ao ponto de sentir sua respiração entrar em mim, e não poder fazer nada, foi torturante. Quando a hora de ir embora veio ao encontro de nossa conversa, senti lanças atravessarem meu coração, quando iria ter aquela chance de novo? Quando poderia chegar tão perto outra vez? Corri o mais rápido que pude para dentro de meu ninho, evitando mostrar as lagrimas teimosas que rolavam involuntariamente... Já passava das 3 da manhã, e o sono não vinha... Talvez meu sono já estivesse saciado. Foquei minha mente nos conflitos desse dia turbulento, -... Talvez devesse deixá-lo seguir, e ser feliz, porque somos felizes quando queremos, nós humanos somos flexíveis a qualquer situação... - pensei por horas nessa teoria, e em um flash, outra me veio em mente -... E se eu lutasse por ele? Sempre fiz isso, sempre quando quis alguma coisa, sempre lutei com toda força que tive para consegui-las e conseguia... Por que não fazer isso agora? Eu o quero pra mim, por incrível que pareça, ele diz que me quer também... – Pensei mais um pouco antes de cair em um sono pesado e atordoado, tive pesadelos que me fizeram revirar a noite toda... Pesadelos de uma perda, mas em breve entrarei mais em detalhes sobre ele, me desejem sorte. Precisarei bastante para o dia que vou enfrentar hoje.
Juliet Mac.M 07/05/2010 Sexta- feira - 17:30hrs
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Capítulo 4 .7
Sexta tão esperada, mas desta vez, não tão desejada. Sexta-feira significava a chegada do final de semana, e finais de semana para mim, eram mortíferos. As angustias e as lembranças me esperavam de braços abertos, cravando suas garras dolorosas dentro de meu peito, e reabrindo mais uma vez, minhas feridas cicatrizadas durante a semana... Enfim, preferia manter minha mente distraída, a ficar o final de semana pensando nos últimos acontecimentos... O cheiro dele ainda estava comigo, conseguia senti-lo com facilidade, como me doía... Não me permito mais pensar nele, a partir de agora, estou proibida por mim mesma, de pensar ou guardar qualquer lembrança, isso só me faz mal, irei arrumar qualquer coisa para manter minha mente distante, e meu coração livre desses sofrimentos...
Dia corrido, quase não tive tempo de parar por um segundo se quer, e era assim que eu gostava que o dia fosse, corrido ao ponto de afastar minha mente, deixando-a somente focada no trabalho, para manter tudo extremamente certo, como sempre fiz, e por isso tenho meu reconhecimento dentro da empresa, e principalmente pelo meu chefe. Infelizmente o dia estava quase no fim, teria que seguir rumo aos 2 dias de repouso e muito esforço, para não cair novamente nos tentáculos da tristeza, que me rondava freqüentemente, sempre próxima pra mostrar-me o que tenho de ruim, meus erros, minhas feridas...não irei deixar-me abater...não desta vez.(pensava eu...)
Desta vez, deixei-me demorar em cada passo que dava durante o caminho para meu ninho, não tinha a mínima vontade de retornar, queria ver as estrelas, sentir o vento tocar meus cabelos, esquecer as pessoas, os carros, o barulho... Em meio aos meus pensamentos mais fantasiosos, algo me tirou do transe tão pacifico, um rosto conhecido, um rosto que me fez ter pulsações há muito tempo sentidas, um de meus baús secretos reabriu-se, deixando toda sua essência escapar, não tive ao menos tempo de tentar evitar tal catástrofe... Seus olhos tão infantis eu conhecia de longe, o cheiro não mudara, sofrera algumas modificações por estar com feições mais maduras, mas a essência ainda era a mesma, a mesma que guardara em meu baú. Meu deus, já tinha me esquecido de como sofrera nas mãos dele, como deixou meu coração em pedaços, e agora, depois de tanto tempo ressurgiu, com o mesmo sorriso, o mesmo jeito de me olhar... Não! Não podia me deixar balançar desta forma, não desta vez, já estava cansada de sentimentos borbulhando dentro de mim, independente de qual fosse... Arrumei a primeira desculpa que me veio em mente, e segui meu caminho... Sozinha, e espantosamente satisfeita com isso, sentia que meus muros de proteção, começavam a ser construídos, desta vez, com reforço extra...
Empenhei-me nos estudos, coloquei isso em mente, não deixaria o tempo corroer minha vida sem ao menos gasta-lo com coisas frutíferas para mim, e pra quem quisesse saber posteriormente. Começarei um grupo de estudos muito em breve, o tema ainda pretendo manter em sigilo, por questões pessoais, mas será bem interessante, poderei assim, dar continuidade ao que faz parte de mim, e que por tantos desvios, tinha me esquecido.
Fiquei horas preparando milhares de seqüências, para ter um ponto de partida, evitando problemas posteriores com os livros, as ramificações, que esqueci de que tivera um dia difícil e corrido, que exigiu mais energia do que armazenava... Em um minuto que tirei para descansar, meu desmaio rotineiro, me embarcou em sonhos profundos... Mas desta vez, fui interrompida inúmeras vezes, infelizmente por ligações que não me eram importantes, quem queria mesmo, não me ligara, não iria aparecer... Engano meu, ainda adormecida, despertei com a voz mais esperada, mais desejada... Estava tão dormente, que ainda não conseguia distinguir se era real, ou se estava sonhando, mas aos poucos fui tomando noção das coisas, e da conversa, era tão bom pensar que ele pensava em mim, que pensara em me ligar, mesmo que fosse para me dizer algo rápido... Cai em sonhos felizes, não me recordo dos detalhes, mas sinto que me fizeram feliz, pois acordei com ele em meus pensamentos, ele fez parte de meus sonhos, e faz todas as noites... Mesmo sabendo que mais hora, menos hora, terei de abandonar toda essa massa de sentimentos floridos, matá-la sufocada como fiz anteriormente em outras situações, me entristece, talvez seja a única saída, para felicidade e comodidade de ambos... Enfim, veremos o que o tempo nos diz. 
Juliet Mac.M 08/05/2010 Sábado - 23:09hrs 
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Capítulo 4 . 8
Despertar as 7:30 da manhã em pleno sábado, é terrível... Tentei retomar o sono perdido, mas só me causou mais insônia, resolvi levantar e seguir com meu livro dos sonhos. Estou começando e praticando novas técnicas para administrar meus sonhos, tenho pesadelos regularmente, atrapalhando assim, a fluência normal da noite, me deixando sonolenta durante o dia. E esse é o primeiro passo, todas as noites anotando os sonhos que tenho, com o Maximo de detalhes possível, para auto-análise ou algo assim. Sábado nublado e frio, ótimo dia para colocar meus estudos em dia, ficar de pijama o dia inteiro, assistir filmes em família, comendo pipoca de pantufas quentinhas... Esse era meu plano, até as 16 horas. Ele me ligou, me chamou para sair, pensei em hesitar, mas meu coração falou mais forte, gritou mais alto que nem pude ouvir minha mente racional, e aceitei. Segundos de espera insuportável, eram 17 horas e nada dele aparecer, será que me adiantei demais? Será me tornei tão paranóica assim? Pode ser... Enfim o carro verde parou em frente ao portão, e o alivio veio logo em seguida. Como era bom, só ter ele por perto, sei que tinha que evitar a aproximação, mas sentir sua presença pra mim, já bastava... Acabei algumas vezes não resistindo, e passando um pouco dos limites, mas mesmo levando bronca, valia a pena... Presença tão boa, que iluminou meu dia nublado, aqueles momentos, podiam durar pra sempre... Mas duraram menos de 1 hora. Novamente tive que sufocar minhas vontades e retornar ao mundinho medíocre que vivia. Sabia, no fundo de mim, sabia que sustentar todos esses sentimentos, era inútil, sabia que mais hora menos hora, teria de matar tudo sufocado, como fiz anteriormente, como faço sempre, como já estou acostumada a fazer. Enfim, meu sábado morreu depois que ele se foi, nem me recordo do que fiz, do que escrevi, do que li, a noite perdeu o encanto... E novamente cai desmaiada em sono profundo.
Logo pela manha, me forcei a levantar e desejar UM FELIZ DIA DAS MÃES, com um entusiasmo fraco e falido. O frio e a neblina tamparam os sonhos de uma tarde boa com os familiares. Mesmo assim seguimos o dia. Risadas, conversas, historias, dramas, enfim, encontro com familiares, resulta em muita comida, papos jogados dentro das latinhas e mais latinhas de cerveja.  Retornamos com uma incrível rapidez nunca vista por meus pais, geralmente em festas assim, as pessoas se alongam em conversar e relatos da vida, mas desta vez, foi o almoço e só. Tentei me empolgar durante o caminho de volta, com a idéia em me enfiar em livros, tirando um proveito desses tempos desajustados, e foi o que fiz, com imprevistos e discórdias aleatórias, me perdi no tempo tentando sugar todas as informações que pude, para dar continuidade aos meus estudos, e aos meus conhecimentos básicos, para em breve, deixar levar pelo desconhecido.
“A coruja mostra que a vida o levou a lugares de sabedoria e compreensão e que você está prestes a superar algumas noites escuras da alma. Você está sendo avisado de que é melhor ficar algum tempo em silêncio, longe da multidão, para que você possa tomar suas próprias decisões quanto ao rumo que dará a sua vida e a sua alma. A coruja está guardando você, e guiando sua alma para o lugar que lhe cabe no universo. Confie na vida e saiba que esse tempo de afastamento dos compromissos sociais é necessário para que você consiga ouvir a canção silenciosa do seu coração. Se sua alma não sabe que rumo tomar, logo ela não terá mais essa dúvida. Siga seu caminho com cautela. Em tempos de escuridão, ansiamos solidez, por normalidade. Não caia na tentação de se apoiar em algo só porque isso está ai, ao seu alcance. Confie na coruja, ela conduzirá sua alma através da noite, através dos medos, levando-o a encontrar um novo dia, com uma visão mais clara e uma compreensão melhor do propósito da sua alma neste momento. Prepare-se para a morte de tudo que é velho á sua volta e tenha certeza de que ficará bem.”
 Juliet Mac.M 10/05/2010 Segunda-Feira - 15:09hrs
*** Capítulo 4 . 9
O Frio aumenta, trazendo com ele dores do passado, mas estas não me afetam mais, cheguei ao ponto que estava anteriormente, onde um bom escorpiano se enquadra. Desapegada de sentimentos, e longe das pessoas, melhor jeito de se viver. Sem dores, sem preocupações, sem lagrimas, sem angustias. Enfim, estou evoluindo nas minhas pesquisas, em breve vou publicar um pouco do que consegui encontrar, e caso alguém se interesse em fazer parte do Grupo de Estudos, me contate. Sem muitas novidades, sem muitas vivencias, a cada dia renasço diferente e em breve vou estar exatamente como gostaria.
Juliet Mac.M 11/05/2010 Terça-Feira - 16:13hrs
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